quinta-feira, 2 de maio de 2013

Sobre as Perdas : definitivas ou não





A perda, toda ela nos faz mal, dói. Muitas vezes não entendemos o porquê de haver perdido. Mas a morte é consequência de nosso nascimento. E durante nossa vida nos afeiçoamos a muitas pessoas com as quais convivemos e em alguns casos o amor e a afeição vêm de maneira natural, como os sentimentos por mãe , pais, irmãos e outros familiares. E em outros casos, nos afeiçoamos a pessoas que vamos encontrando por nosso caminho. Mas todos nós, de uma forma ou de outra, sempre acabamos por nos afeiçoar a alguém. Sempre temos alguém a quem amar, conviver e por isso, a perder.
Você já deve ter ouvido um ditado muito antigo em que se diz: o amigo é o irmão que se pode escolher!
Então podemos ter muitos irmãos a possibilidade é quase infinita. Mas sempre há dentre estes, aqueles que conseguem entrar mais dentro de nós, aqueles para os quais nós não temos segredos e só a eles revelamos nosso verdadeiro eu. Estes são aqueles amigos, que viraram nossos irmãos através do coração. E como são importantes em nossas vidas, como é maravilhoso ter um amigo de verdade, é um tesouro único. Aquele que faz por nós o que ninguém mais faria. Aquele que não mede esforços para estar partilhando conosco de um momento importante, seja bom ou ruim.
Por isso quando o perdemos, morremos um pouco. É uma perda grande demais. Infelizmente sempre haverá perdas e situações de perda em nosso caminho. E às vezes nunca mais ou por muitos anos, não haverá outro alguém com o qual voltaremos a nos sentir tão bem, tão à vontade. A diferença entre a dor da perda e a dor da perda, consiste de que modo nós perdemos ou deixamos perder. Quando um amigo morre, passa a existir o vazio da saudade eterna. Aquela sensação de que ficamos sós, porque nunca mais o veremos. Mas quando deixamos escoar por nossos dedos essa amizade, nos sentimos pior, muito pior, porque ao pensarmos no que poderia ter sido feito para evitar  essa ruptura, esse afastamento, nos vem à culpa ou a raiva. Seja como for, estamos doentes, frágeis e acima de tudo nos sentindo injustiçados, mesmo que a culpa por tudo tenha sido nossa.nos tornamos instrumento da angustia e insegurança.
E aqui abrimos um parêntese para falar desse sentir-se injustiçado: Quando nos vem esse sentimento, é porque não estamos aceitando nossa condição humana, que não nos permite entender os mistérios da morte ou das separações.Essa condição humana também não nos deixa experimentar a nossa condição de fraqueza, de imperfeição. Então sofremos mais e mais a ponto de sucumbir a esta dor, seja pela perda natural,através da morte, seja por ter sido provocado por nós mesmos e assim, que no auge de nosso orgulho e cegueira, não vemos ou aceitamos sermos, nós mesmos os causadores da consequência da saudade.
Da condição da morte, não podemos sair incólumes, sem dor ou sofrimento, mas ainda assim podemos contar com o bálsamo da esperança do reencontro do outro lado da vida, na casa do pai. Porém da perda provocada seja por nosso amigo ou por nós, podemos ver revogada essa circunstância à medida que entendemos e aceitamos nossa limitação e passamos para a ação concreta: o perdão! Essa palavra tão pequenina pode mudar muita coisa em nossa vida e na vida das pessoas com as quais convivemos.
No perdão encontramos a verdade dos sentimentos. É nele que entendemos que nosso pranto pode cessar.Que não vamos nos sentir piores se deixarmos nosso orgulho para trás- para pedir  perdão ou para dar o perdão - Que a injustiça sentida e até experenciada, nada mais é que o amor próprio exaltado a ultimo grau de excelência, algo que antes de contemplar a grandeza de nosso ser, nos arrasta ao abismo do sofrimento.Se fala tanto e se enaltece tanto o amor próprio, mas é que se sempre ele que nos arrasta aos piores sofrimentos da vida, os do tipo evitáveis. Os que nos fazem sofrer e lamentar mais profundamente as dores da vida.O homem, não é um ser material para que as glórias o possam satisfazer, mas um ser espiritual que precisa do sentimento verdadeiro do Amor, para sua realização plena como homem em meio a seus pares.  Então não ponha obstáculos ao perdão, seja para concedê-lo ou pedi-o. Revogue as perdas possíveis.

Maura Nelle

Daquilo que nos consola:

" As pessoas não morrem , ficam encantadas "
Guimarães Rosa

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Maura Nelle