“Quem não pede perdão não é
nunca perdoado”. Esta frase é da música Insensatez de João Gilberto. E fala de
algo que para alguns é a pura realidade, fala de Pessoas as quais precisam que
se peça perdão, para só assim darem seu perdão. Para estas pessoas o perdão é
mais difícil e não tem a dimensão exata do que este gesto pode proporcionar até
mesmo para elas próprias.
Vamos aqui tratar primeiramente
das pessoas que precisam de perdão, do que gera esta necessidade de pedi-lo e
consegui-lo: é o nosso estado de consciência. Se há a necessidade do perdão é
porque nossa consciência nos acusa do erro cometido e nosso ‘coração’ nos
desperta ao arrependimento. E não há perdão sem o arrependimento. Pode-se,
claro, pedir perdão da ‘boca pra fora’, por conveniência ou circunstância, mas
quem assim o faz sempre saberá que não houve um perdão efetivo, ou seja, um
perdão que realmente alivie a alma. Porque em algum momento ao longo de nossas
vidas, nos depararemos com o nosso passado e tudo o que dele fizemos e o que
não resolvemos de forma definitiva. E lá poderá estar a culpa, a vergonha, o
remorso. Quando não trabalhamos e curamos essas áreas de nossa vida,quando não
resolvemos alguma questão, quando simplesmente abrimos uma gaveta e depositamos
algo que não podemos ou não queremos conviver ou resolver num determinado
momento, Esse algo ainda estará lá, mesmo após 30 anos... Mesmo que nosso
remorso esboce em nós o desejo de não ter feito mal algum, cometido erro nenhum
não podemos revogar uma ação, porque ela certamente teve conseqüências, mesmo
que mais profundamente, em nós. Muitas vezes nosso orgulho nos impede de ir ao
encontro de nós mesmos e aceitar que precisamos reconhecer nossos erros e pedir
perdão para seguir adiante. A necessidade de ser perdoado é latente no ser
humano.
È muito importante que cada um
há seu tempo descubra que sua capacidade de errar, de cair, não os impede de
acertar e levantar sempre. Os recomeços são sempre muito difíceis, mas é
absolutamente imperativo que se perceba e acredite que tudo na vida é um ciclo
e que por isso mesmo, podemos estar sempre recomeçando, aprendendo, nos
aperfeiçoando e assim, haverá cada vez uma maior e melhor continuidade do nosso
caminhar. Vamos avançar conscientes que nossa humanidade e suas fragilidades
nos fazem errar sim, mas que nos proporcionam o aprendizado necessário para
aprendermos a conviver com nosso próximo, seja ele quem for, em bases de
respeito e fraternidade.
Ao pedido de perdão prescinde
perdoar. E quando não perdoamos, não conseguimos ou mesmo, não queremos
perdoar?Pode não parecer, você pode até não perceber em princípio, mas essa
recusa vai ganhar cada vez mais espaço em sua vida, pensamentos e até em ações.
Conceder o perdão é algo favorável a nós mesmos, a nossa condição humana. O
homem não vive só e por isso mesmo, em sociedade aprende que todos somos
passíveis de errar. Pode acontecer com qualquer um de nós. E ao entendermos
isso temos que deixar fluir os sentimentos que nos colocam em sintonia positiva
com nossos semelhantes. Isso fará um bem enorme a nossa evolução intelectual,
material e principalmente a espiritual.
O homem é um universo muito
pouco explorado e por isso mesmo, pouco conhecido. Nossos desejos, necessidades
e sentimentos são algo para além das dimensões conhecidas e estudas. Nosso
potencial é sem fronteiras e a isso só, já podemos desculpar e justificar nosso
perdão a todos seja pelo que for. Até mesmo na patologia das ações bárbaras e
doentias. Não estou falando aqui em conseguir conviver com inimigos, seja na
ordem social ou nas questões particulares. Não, nada disso. Mas perdoar de
coração, extirpar de nós suas ações, libertar-nos da primitividade que habita
os sentimentos sociais, culturais e individuais. Entendermos por fim, que
perdoar é um gesto libertador e, mas que a alguém, seja por que motivo for,
liberta a nós mesmos,para estarmos livres em nossa jornada aqui na terra. Quem decide ofertar seu
perdão se eleva na vastidão imensurável da evolução humana par além da vida.
Maura Nelle
Maura Nelle
" Julgamento é sempre
defeituoso, porque o que a gente julga é o passado "
Guimarães Rosa
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Paz e Bem!
Maura Nelle