Nunca é demasiado lembrar que
habitamos um mundo em que o custo diário para alimentar uma criança com
todas as vitaminas e os nutrientes necessários custa apenas 25 centavos
de dólar
Por : Marcus Eduardo de Oliveira
Os bilionários e a fome no mundo:
poucas são as mãos levantadas em prol dos famintos do mundo. A preocupação dos
“Imperadores do Mundo” é outra
De acordo com o
Índice de Bilionários da Bloomberg,(2012 ) o mexicano Carlos Slim, dono de
negócios no ramo de telecomunicações em 18 países, com uma fortuna avaliada em
US$ 78,4 bilhões, é o maior bilionário do planeta *. Depois dele, vem o
cofundador da Microsoft, o norte-americano Bill Gates, com fortuna de US$ 65,8
bilhões, seguido pelo espanhol Amancio Ortega, fundador do grupo têxtil
Inditex, dono da marca Zara, com US$ 58,6 bilhões. A soma dessas três maiores
fortunas atinge US$ 202,8 bilhões.
*
Bill Gates em 2013 assumiu o primeiro lugar na
listas dos homens mais ricos do mundo.
Pelo lado dos
brasileiros, os quatro maiores bilionários são: Jorge Paulo Lemann, investidor
controlador da Anheuser-Busch InBev, maior cervejaria do mundo, com fortuna
avaliada em US$ 19,6 bilhões. Em segundo lugar vem o banqueiro Joseph Safra,
com patrimônio de US$ 12 bilhões. O terceiro e quarto lugares, respectivamente,
ficam com Dirce Camargo, herdeira do grupo Camargo Correa, com fortuna estimada
em US$ 14,1 bilhões e, com o empresário Eike Batista, com fortuna avaliada em
US$ 11,4 bilhões. A soma das fortunas desses quatro maiores bilionários brasileiros
atinge a cifra de US$ 57,1 bilhões. Já a fortuna somada desses sete
“imperadores do dinheiro” chega a US$ 259,9 bilhões.
De um lado, rios de dinheiro; do outro, um oceano
de tristeza e miséria evidenciada pela fome e subnutrição que atinge, segundo
dados da FAO (Fundo para a Agricultura e Alimentação), 1 bilhão de pessoas no
mundo. Os que todos os dias tem estômagos vazios e bocas esfaimadas são 14% da
população mundial, um entre seis habitantes.
Com US$ 44 bilhões (17% da fortuna dos 7
bilionários citados) resolveria o problema desse 1 bilhão de famintos
espalhados pelo mundo. O drama da fome é tão intenso que dizima uma criança com
menos de cinco anos de idade a cada minuto. Isso mesmo: uma criança menor de 5
anos morre a cada 60 segundos vítima da falta de alimentos em seus estômagos.
Isso porque estamos num mundo em que a produção de grãos (arroz, feijão, soja,
milho e trigo) seria suficiente para alimentar mais de 10 bilhões de pessoas.
Somente o Brasil,
terceiro maior produtor de alimentos do mundo, atrás apenas dos EUA e da China,
verá sua safra de grãos aumentar em mais de 20% na próxima década. No entanto,
essa ignomínia chamada fome vai derrubando corpos inocentes ao chão também em
nosso pedaço de terra. A situação aqui não é muito diferente da mundial. Em
meio às controvérsias em torno do real número de famintos (50 milhões para a
FGV, 34 milhões para o IBGE e 14 milhões de pessoas para o governo federal) a
fome oculta (caracterizada pela falta de vitaminas e minerais que afeta o
crescimento físico e cognitivo, bem como todo o sistema imunológico) atinge 40%
das crianças brasileiras. No mapa mundial da subnutrição, estamos na 27ª
posição, com 9% da população.
Em pleno século XXI,
num mundo em que a tecnologia desenvolve técnicas apuradíssimas para clonar
tudo o que bem entender, a fome mata atualmente mais pessoas do que a AIDS, a
malária e a tuberculose juntas. Numa época em que o dinheiro corre solto pelos
cassinos e praças financeiras em busca de lucro e especulação, a Syngenta,
multinacional suíça da área agrícola, investe todos os anos a importância de
US$ 1 bilhão em pesquisas agrícolas, mas fecha as mãos para a ajuda
internacional aos famintos.
Nunca é demasiado
lembrar que habitamos um mundo em que o custo diário para alimentar uma criança
com todas as vitaminas e os nutrientes necessários custa apenas 25 centavos de
dólar. Contudo, em decorrência da desnutrição crônica, cerca de 500 milhões de
crianças correm risco de sequelas permanentes no organismo nos próximos 15
anos. De acordo com a ONG (Salvem as Crianças), a morte de 2 milhões de
crianças por ano poderia ser prevenida se a desnutrição fosse combatida.
Mas, poucas são as
mãos levantadas em prol dos famintos do mundo. A preocupação dos “Imperadores
do Mundo” é outra. Refresquemos a memória em relação a isso: em apenas uma
semana os líderes das maiores potências do planeta “fizeram” surgir 2,2
trilhões de dólares (US$ 700 bilhões nos Estados Unidos e mais US$ 1,5 trilhão
na Europa) para salvar instituições bancárias no auge da crise econômica que se
abateu (e ainda vem se abatendo) sobre as mais importantes economias mundiais
desde 2008.
Se a preocupação fosse salvar vidas de
desnutridos, incluindo a vida de 900 mil crianças no mundo (30% delas residentes
em Burundi, Congo, Eritréia, Comores, Suazilândia e Costa do Marfim), esses
mesmos “imperadores” tirariam dos bolsos a importância de US$ 25 milhões por
ano, que é o custo estimado para salvaguardar com nutrientes esse contingente
de crianças até 2015.
*Marcus Eduardo de Oliveira é Economista,
professor e especialista em Política Internacional pela Universidad de La
Habana – Cuba
Eu sempre digo que não devemos deixar comida no prato.Coloque apenas o que vai aguentar comer.É obvio que aquela sobra não vai acabar com a fome no mundo ,mas pensa na falta de respeito imensa que é aquilo.Enquanto desperdiçamos outro morre de fome...
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