No dia de nossa despedida
levantamos muito cedo, como a não querer perder nem mesmo um minuto do tempo
que ainda tínhamos. Fomos para a cozinha preparar o café da manhã para o nosso
chef particular. Fizemos um monte de comilanças que mais tarde receberam muitos
elogios, o que nos deixou imensamente prosas...Quando nos sentamos a mesa,
agradecemos a Deus aqueles dias passados juntos, foram dias muito felizes
e então tínhamos em nós a esperança de
um novo encontro. Lembro-me que o dia passou muito rápido. Queríamos que fosse
um dia eterno, mas a noite, cansada e feliz, soube que seria a nossa ultima
noite juntas ali em casa. Não dormimos, ficamos conversando a noite toda,
evocando lembranças muito antigas da época que nossos pais ainda viviam juntos.
Tínhamos então pouco menos de três anos, e nossas lembranças eram pouquíssimas.
De volta a nossa casa, após
levarmos Geórgia ao aeroporto, soube que além do vazio haveria a saudade. Mas,
sobretudo, restava a esperança que se afigurou como o melhor sentimento do mundo,porque
ele me aquecia a alma ao apontar para o momento do encontro com minha mãe.Em
todos os meses que se seguiram até minhas férias não houve uma semana sequer que entre mim e
minha irmã não fosse trocada uma carta ou cartão.sempre dizíamos uma a outra
palavras de encorajamento sobre a
saudade e a falta que fazíamos uma a
outra.Nesse meio tempo, recebi a carta mais bonita de minha vida onde minha mãe
pela primeira vez falava do porque abriu mão
de mim em favor de meu pai.Nessa carta, ela dizia que o amava muito e que por isso não conseguiu dizer não ao pedido dele para ter para si e criar,
uma ao menos de suas filhas.Minha mãe sentia que ao aceitar isso,
haveria uma esperança sobre a volta deles.Ainda hoje, ela disse , que o amava e
que talvez sempre fosse assim em seu coração.Ler esta carta tão franca, havia
me deixado muito feliz e pude finalmente após tantos anos,perdoar aqueles que mais amava no
mundo e que no entanto, eram os que mais me haviam feito sofrer.Somente
aqueles que entram tão profundamente em nosso coração podem nos ferir e magoar
tanto.
Oslo a capital da Noruega disponibiliza um dos
espetáculos mais intrigantes do planeta. Em Janeiro, há dias feitos somente de noites
de inverno onde o sol nunca sobe ao horizonte e podemos ver a Aurora boreal. E meu
pai que me explicou tudo sobre o clima e
fenômenos desse país desde a mais remota idade,estava mais eufórico que
eu com a possibilidade que eu teria de ver pessoalmente. Minha ida ficou acertada para a segunda metade
do mês de janeiro, porque minha irmã queria muito que eu conhecesse a
capital quando o os dias tornassem a aparecer, o que ocorre em meados de
fevereiro, e então pudéssemos passear sob o sol do inverno, vendo todas as
belezas naturais que nos fosse possível ver.Geórgia preveniu-me em relação as
roupas de inverno que deveria levar, mas
nada na realidade me preparou para
enfrentar uma temperatura de 20º abaixo de zero.Portanto ao chegar lá, me
lembro que tanto Geórgia quanto minha mãe
riram das roupas que eu julgava
que fossem me proteger de tanto frio. Minha sorte foi vestir roupas do tamanho das que
minha irmã usava.
Quando cheguei a capital da
Noruega não espera encontrar um lugar tão moderno. Foi desenvolvida uma adequada
estrutura de iluminação para os dias sem sol do inverno e tudo era tão claro e confortável que só fui perceber mesmo que não haviam dias quando já descansada
da viagem, saímos , nós três para um passeio.Foi quando me dei conta que
ainda não tinha mesmo visto a luz do sol.O
que a princípio foi um tanto inquietante, mas como ainda em minha estada
haveria também dias ensolarados, resolvi
aproveitar aquela incrível diversidade
climática.Lembro-me que ao ver minha
irmã no aeroporto, procurei automaticamente
a mulher que estaria junto a ela. Ah, minha mãe não fazia jus às fotos,
era muito mais bonita pessoalmente e que sorriso franco, alegre e espontâneo. Ela não esperou que eu fosse a elas, veio encontrar-se comigo ainda no meio de uma pequena multidão que desembarcava. Abraçou-me
e beijou muito, tanto e novamente... Ficamos lá por um tempo inominável. Foi
muito forte o que sentimos. Eu a amei mais ainda. Foi somente depois de um
tempo que sentimos outras mãos nos envolvendo, era Geórgia. Rimos as três e
felizes fomos para casa, para a casa que ao menos durante uns dias, seria minha
também.
Minha mãe era professora de
matemática e ensinava na maior e mais antiga universidade de Oslo. E minha irmã
esperava seguir os passos dela, assim como eu sempre quis ser um dia,chef como meu pai.Nem mesmo para ir ao trabalho, mamãe quis se separar de nós.
Conheci seus alunos e todas as instalações da universidade. Almoçávamos juntas,
dormíamos no mesmo quarto. Mamãe levou um sofá cama para o enorme quarto de
Geórgia e dormiu na cama dela enquanto
nós dormimos juntas no sofá cama,tão enorme quanto macio.Por isso ficávamos até
tarde conversando, tagarelando e rindo
muito...descobri que cozinha não era o
forte de minha mãe, mas em compensação, era uma maravilhosa companhia ,
engraçada, e muito espirituosa.Nessa época entendemos a máxima da
ciência em que diz: os opostos se
atraem.Nossos país eram as pessoas mais diferentes que haviam para conviverem casados.Mas havia dado certo por cinco anos.Por isso, minha irmã e eu começamos
a pensar em alguma estratégia que pudesse nos dar esperança de uma possível reconciliação
entre os dois. Porque mesmo depois de doze anos nenhum deles havia se
interessado em uma nova união, mesmo sendo tão jovens e bonitos. A partir de
então, começamos a falar muito sobre papai com nossa mãe, de como ele era
bonito e inteligente e charmoso e tal... E acima de tudo, como sempre falava dela
com imenso carinho. Aos poucos foi surtindo algum efeito e ela, mesmo sem notar
começou a fazer algumas perguntas sobre o dia a dia de papai, sobre como ele
era comigo, como era nas pequenas coisas no dia a dia. E enquanto isso, ao
mandarmos cartas para papai, não deixamos de dizer em nenhuma delas então enviadas,
o quanto ele estava fazendo falta entre nós e como todos, (todas nós)
gostaríamos que ele estivesse conosco. E como um desafio, perguntamos a ele se não
poderia dispor de alguns dias e vir encontrar-se conosco. Para mamãe dissemos
que papai disse que adoraria estar conosco, mas que tinha medo de tirar a
liberdade dela em nossa companhia. Então a desafiamos em convida-lo a vir, Para todos juntos fazermos um passeio no campo,
no primeiro dia de sol.
( continua )
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Maura Nelle